Me despeço de meu pai e minha irmã e entro no portão de embarque. Por alguns instantes até me esqueço o que estou fazendo ali, ou melhor, porque estou fazendo essa viagem. Choro, pois sinto um vazio dentro de mim e me preocupo se estou tomando uma decisão errada.
Não tenho muito tempo, portanto passo pelas burocracias e sigo até o avião.
Me sento e mando minha última mensagem em solo brasileiro - é para minha família e diz q os amo - por mensagem, já q muita coisa custa a sair de mim em vários momentos...
Desligo o celular, o avião levanta vôo numa rapidez incrível e só então começo a refletir sobre o motivo do meu vazio. Percebo que estou me distanciando das minhas referências: lugares, comidas, cheiros, cultura, e, o mais importante: as pessoas! Fico então pensando em todos que fazem parte do meu dia-a-dia e do meu coração e nas palavras e carinhos que me deram antes de minha viagem. Nesse momento me pergunto como eu seria sem elas e chego a conclusão que mesmo longe fisicamente, todas essas referências nunca deixarão de fazer parte de quem eu sou, portanto nunca as deixarei e nunca estarei sem elas.
Olho pela janela e fico prestando atenção nos vários montinhos de luzes que vejo de cima, de longe. Essas luzes são agora a minha referência do planeta; por causa delas consigo ter noção do mundo, literalmente.
Da mesma forma que as muitas estrelas q vejo agora foram um dia referência e guia para viajantes milhares de anos atrás.
Assim que concluo esse pensamento, para meu espanto, o auto-falante anuncia a primeira conexão. Avisto Buenos Aires. Primeira etapa concluída!
